domingo, 12 de abril de 2015

É mais escuro, ainda.

O mundo, brilhando no beija-flor, convertia-se em vida, que logo se esvoaçava. O beija-flor subiu, ao seu ritmo rápido, às copas das árvores, beijou com intimidade. O mundo, esperava pelo beija-flor, abarcando-o com suas árvores, encantando-o com seus ventos, e ludibriando-lhe com o seu céu. Entorpecia o beija-flor com sumo de vida, e seu coração, mais nervoso, passava a correr nele o sangue da floresta. As memórias dos seres reviviam e se emocionavam, orgânicas. Estamos vivos, estamos vivos, como que os espíritos dissessem. O beija flor via o florescer de um sol dentro dele, um mundo que lhe queimava manso, um fulgurar festivo de espíritos de animais e cores, um reunir em roda frente à um mastro luzente, à frente de uma porta de Caverna. Seres menores, de cabeças achatadas, descoloridos, pintavam formas e as coloriam, e com um sopro, ou corrente de ar, se esbravejavam e rugiam, Leões apareciam, rugiam, desapareciam. Formas e desformas, o multicor do beija-flor jazia na neblina das nuvens, pintadas de umidade azul, que à cada batida do coração, reagiam multicor comò coração.
Beija-flor fechou os olhos, e os abriu, e os fechou e os abriu, e os fechou e os abriu e os fechou e os abriu, e o fechou e os abriu, e o fechou e os abriu... eles lá continuavam. tudo. os fechou e os abriu... eles sumiram, desapareceram... e os piscou, e todos se bagunçavam diante dele, abraçados, lutando. as cores que via eram animadas enquanto únicas, e logo que duas se chocavam, uma fumaça era absorvida pelo negrume do céu, e o restante se transformava em um nova cor. um novo animal.
Era dia de festa. E o Beija-Flor, decidido a continuar a viver, juntou-se à eles em corpo e espírito. E tornou-se vários.

***

e Não voltou. Quis eu piscar os olhos e o fiz.
E não voltou.
Fechei os olhos e os abri.
O Beija Flor brilhava, azulado preto e branco, iluminado pela Lua, estando a voar pós festa...