quarta-feira, 21 de maio de 2014

Revisita, risadas e Alia.

"A Vida era azul,
e a ela, devolveram tudo que era azul."

Mas é muito! Obrigada!

Tá tudo aí?

Não, mas, já é muito, e basta!

Tá! Basta mesmo?

Não, mas estou feliz!

E rimos.

-

Deixa eu mudar rapidinho,

Tá,

A Vida era azul,
e a ela, devolvi tudo que era azul.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

amantes.

eu aceito o mal,
eu aceito a dor,

eu aceito a pane,
eu aceito o medo, 
eu aceito o escuro.
eu aceito a tormenta,
eu aceito a sofreguidão.
eu aceito os lamúrios.
eu aceito a desesperança,
e eu tenho de agradecer,
eu aceito o meu dever,
eu aceito as minhas falhas,
eu me aceito, aceito,
para não haver mais eu,
para não falar mais nada,
e mesmo assim, falar.
falar, me tornar só voz.
eco,
o ar,
fluiu,
cola,
cola,
perdura,
estável,
isso,
amor,
assim,
é 
,
.
lembra, tá,
tá sim.
lá dentro,
guardo sim,
promete,
não,
poxa…
obrigado,
obrigada,
será que vai ser sempre assim, tanto passado e tanto futuro,
é assim?
… não sei.
vai ser?
e tanta dúvida, e pouca certeza,
é..
foi o que aceitamos, não foi?
mas passou, 
passou? 
não sei..
era tão real
quisera ser 
também,
construir,
sim,
aqui,
seguro,
isso,
acalma,
acalanta,
canta,
com a alma,
só para ti,

tá aí, 
tô sim,
ficou calado, 
fui a outro lugar, 
e era bom lá?
sim, mas, quis voltar
por mim?
sim,
volta,
tá,
espero,
oi,
,
dormiu?
sim,
oi oi,
foi bom?
foi, 
trouxe algo pra mim?

oi?
fui de novo,
e trouxe agora?
acho que não,
acha mesmo?
não sei.
estás mais calmo, sorriso,
estou,
abraço,
ternura,
trouxestes!
a alma se juntou, como que sem querer,
obrigada, 
obrigado, também, 
podemos dormir, 
podemos, 
deita,
,
isso,
sono,
xô ficar aqui, 
pode dormir, 
tá,
ei,
oi,
nem precisa trazer nada,
tá,
,
mesmo?
sim,
,
mas traz.
tá. estás agitado,
estou,
calma, 
calmo,
,
,
,
,
,
, , boa noite,
,
,

,  
,
, ,

.


sábado, 3 de maio de 2014

Ítaca.

Sentado, me ponho a ler, quietinho, desatencioso,
começo a voar, as palavras se tornam reminiscências,
constituídas inteiramente de um passado, de existências,
e pululo, aqui, a incapacidade de focar.

Eis, que sem concentrar, vejo o outro, mas não o leio,
ouço o outro, mas não o escuto,
escrevo, mas aqui não estou,
onde estou, afinal, ansioso,
neste vórtice que engole, e eu perdido,
me pergunto, estas palavras são minhas,
estas palavras são minhas?, como quem perde a meada, e tão logo,
não é bem recebido, marginalizado, posto de canto,
não pode ser assim,

aqui não me verão, aqui, só inverno,
repousa até virastes outra flor, que só quando floresces é que é,
de tantos tipos de flores,
as flores sofridas,
mordidas,
e um pouquinho comidas,
pairam no ar, resistindo, se alimentando da luz que vem do sol,
qual a esperança desta planta eu, minha vida,
se não, sobreviver, ir através,
e indo assim,
mares e mares vêm, e vindo, por virem, tornam sempre a vir,
divisão de mares, atravessando mares,
sendo esta toda uma viagem para Ítaca,
mas, por ventura épica, e sem mares,
eis o desespero de um marujo que não vê há muito a terra,
os olhos cheios de água, a maresia, que torna a entrar também no corpo,
a água já passa dos três quartos médios, quase à me tornar um inteiro,
à́gua viva, eu me jogo aos mares e me sinto quase fundido, eu através dele,
o mar translúcido, reluz
agora ele que me atravessa, e conduz, água viva, eis, que faço também voto de não comer,
e de fome, reviro apenas água, e torno a brincar com os peixes de luz do sol,
refletindo, e refletindo, os feixes passam, o sol passa, e a luz eu transvio, e
para lá e para cá eu vou, eu vou,
sem parar,
e sempre indo, caminho enquanto luz,
e pelo movimento demais, me desprendendo,
vir o vento, e vôo, ando e nado, agora, a dispor rajadas de ar às velas,
e as jangadas se tornam a meu serviço, do marujo,
e em direção à costa e com muita poeira, o barco atraca,
os pés de alegria atravessam o chão e a fazem esvoaçar através de mim,
que chegando tão perto, de tanta força a tanta areia, me dou por vencido,
e no chão descanso, no chão de minha nova terra, e no chão que sonhei em ver e conhecer.
eis a ilha, que agora eu compunha, tão logo minha vida por eu dela constituir,
mas minha não é palavra, uma vez que é de todos nós,
Ítaca.